Sobre normalizar opressões

Muitas pessoas chegam em minha clínica sendo oprimidos e violentados frequentemente, mas não percebem isso. Me solicitam ajuda para mudar seus comportamentos, querem ser pessoas melhores e sofrem. Sofrem muito, principalmente com a culpa. O que não percebem é que a culpa e a responsabilidade que carregam, foram entregues por mãos violentas.

(situações hipotéticas)

Uma mulher vem até mim e solicita ser mais paciente, pois tem muitas explosões de raiva com seu marido. O que ela não vê, é que suas explosões são uma resposta a violência efetuada por ele. E eu psi, a ajudo a tolerar, com mais paciência, mais violência?

Uma profissional vem a mim, solicitando ajuda com as crises de pânico que a acometem e atrapalham seu trabalho. Mas não percebe que vem sendo oprimida e desrespeitada no ambiente de trabalho e que é pressionada a viver somente para sua profissão. E eu psi, devo ajudar a ignorar as crises e a manter quieta e passiva para continuar produzindo?

Uma mãe vem a mim, solicitando ajuda com uma tristeza profunda. Mas não percebe que por pressão da sociedade e medo de ser mãe solo, continua casada com alguém que a bate e não a valoriza. E eu psi, devo a ajudar a ficar feliz e satisfeita nesse casamento?

Em todos os exemplos acima, as pessoas estavam normalizando as opressões e violências que estavam vivendo e dessa forma normalizando o seu sofrimento. Muito do trabalho na clínica é desnormalizar opressões.
Os sintomas que me solicitam ajuda, muitas vezes, são reações a violência, porém muitas pessoas sentem a responsabilidade de mudar seus comportamentos, ser mais pacientes, mais insensíveis, mais inumanas.
Às vezes, não é sobre mudarmos algo em nós para lidar melhor com certas situações. As vezes a situação é violenta e você não precisa lidar de forma agradável a ela. E a terapia deve te ajudar a ver isso também.

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